No dia 10 de dezembro de 2023, durante a COP28, houve um foco significativo na Agricultura, Sistemas Alimentares e Água, destacando a importância destas áreas no contexto das mudanças climáticas. Ainda, as discussões versaram sobre a necessidade de regras ou padrões claros para a redução das emissões agrícolas, com a indústria expressando prontidão em apoiar esses esforços e manter seu papel na cadeia de valor.
Na Blue Zone, espaço destinado às negociações oficiais entre as partes da convenção, a Agricultura foi discutida primordialmente sob a ótica da sua contribuição e vulnerabilidade às mudanças climáticas. Enfatizou-se a necessidade de práticas agrícolas sustentáveis e resilientes ao clima, como a agricultura de conservação e sistemas agroflorestais, que podem ajudar na mitigação das emissões de gases de efeito estufa e na adaptação às alterações climáticas.
Quanto aos Sistemas Alimentares, houve um amplo reconhecimento de que a maneira como produzimos, processamos, transportamos e consumimos alimentos tem um impacto profundo no clima, na biodiversidade e na saúde humana. Assim, foram discutidas estratégias para promover sistemas alimentares mais sustentáveis, incluindo o combate ao desperdício de alimentos e o apoio a cadeias de abastecimento locais e regionais.
Em relação à Água, o debate centrou-se em sua importância crucial como recurso que interliga todos os aspectos da mudança climática. Discutiu-se a gestão sustentável dos recursos hídricos, enfatizando a necessidade de melhorar a eficiência do uso da água na agricultura, proteger ecossistemas aquáticos e garantir acesso seguro e sustentável à água para todas as comunidades.
Na Green Zone, espaço dedicado à sociedade civil, empresas e outros atores não estatais, esses temas foram abordados com um enfoque mais prático e inovador. Diversas organizações apresentaram tecnologias emergentes e soluções baseadas na natureza para a agricultura sustentável, sistemas alimentares resilientes e gestão eficiente da água. Foram realizados workshops, painéis e exibições interativas que demonstraram como a ciência, a tecnologia e as práticas tradicionais podem trabalhar juntas para enfrentar os desafios climáticos.
Alguns dos principais pontos discutidos e avanços alcançados incluem:
1. Declaração dos Emirados sobre Agricultura Sustentável e Sistemas Alimentares Resilientes: Esta declaração, que visa integrar a agricultura e os sistemas alimentares na resposta global às mudanças climáticas, foi endossada por 136 chefes de estado e governo, representando mais de 500 milhões de agricultores. A Declaração enfatiza a necessidade de aumentar a resiliência e adaptabilidade dos agricultores, pescadores e outros produtores de alimentos aos impactos das mudanças climáticas, incluindo suporte financeiro e técnico para soluções inovadoras.
2. Mobilização do setor privado sobre sistemas alimentares: O Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) também desempenhou um papel, mobilizando o setor privado para contribuir com uma visão compartilhada para a transformação dos sistemas alimentares. Isso está alinhado com a Declaração dos Emirados e um Chamado à Ação multissetorial para transformar os sistemas alimentares, envolvendo empresas, grupos de agricultores, organizações da sociedade civil e outros.
3. Lançamento de um Roteiro pela FAO: A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lançou um roteiro para acabar com a fome no mundo sem aumentar a temperatura da Terra. Este roteiro destaca a necessidade de uma transformação dos sistemas agroalimentares para enfrentar a crise climática, com um foco especial na ciência e inovação.
A convergência destas discussões tanto na Blue Zone quanto na Green Zone ressalta a compreensão integrada de que a agricultura, os sistemas alimentares e a gestão da água são fundamentais para alcançar os objetivos do Acordo de Paris e para a implementação efetiva de ações climáticas. A COP28, portanto, destacou-se por trazer à tona a necessidade urgente de transformações holísticas nestes setores críticos para a sustentabilidade global.